Wednesday, December 14, 2005

Pensamentos divagados...

A chuva caía fina. Hesitou em escrever, hesitou em pensar e estremeceu ao falar. Pensou que realmente não era mais a mesma garota, e nunca mais seria. Já não acredita mais em palavras, já não se anima mais com sonhos compartilhados e já não sabe olhar e sentir sem desconfiar. A vida caminhava lentamente, como um barquinho de papel que se deixa levar pelo vento, pelas correntezas das águas.

Já não sabe mais o que vai fazer, nem qual o melhor caminho a ser seguido. Já não chora de saudade, sente o aperto no peito e a tristeza em seu coração, mas já não chora. Já não chora de raiva, nem se lamenta pelo amor perdido porque tem consciência que não era amor. Já não lamenta pelo leite derramado, seca apenas; se levanta e segue adiante. Já não se desespera pelos caminhos desviados, nem pelos planos desfeitos, nem pelos sonhos esquecidos ou ao menos guardados na lembrança.

Já não se esconde dos vermes, nem dos ratos, mas ainda fecha os olhos com pressa no escuro como se não quisesse ver o que vê sempre. Já não chora, já não mente, já não se engana. Já não sorri espontaneamente e sabe que logo logo já não irá mais viver. Mas isso não a incomoda. Não mais. Aprendeu a conviver com o que todos chamam de "vida". Vida e morte, morte e vida. Já não discute nem reclama, aceita. É o fim.